10 de dezembro de 2011

quantas vezes podemos paralisar,
ficar estáticos, sem respirar?
(....)


19 de setembro de 2011


era tempo demais até porque o tempo não chega

a doce frescura da casca de laranja na boca do lobo
e o tempo passa tão rápido
que quando damos por nós estamos sem meias

quero ter o coração nas mãos e brincar às escondidas
no tempo em que era criança e que ainda não queria
uma criança

bato as palmas ou um papo
que agrada mais a quem fale do que a quem ouve
e porque sempre odiei ir ao dentista
quero antes ir ao cardiologista para fazer
um exame aos ouvidos

depois pagamos 90€ e dizemos que estamos pobres
tudo porque crescemos e vivemos num país
banca rota
e a roupa suja
não posso lavar antes das dez porque o horário
não é fora do vazio

as galinhas lá de casa
confesso que até me dão tusa quando a vejo dançar
ela lá tem o seu jeito
sim, naquele túnel

e escrevo sem significado ou sentido
porque afinal desde há uns tempos para cá
o nosso Portugal "no comments".

E pronto, hoje, fico-me por aqui
porque amanhã já
não tenho que apanhar a roupa
tenho que ir às finanças e à segurança social
enforcar-me um pouco mais!!!!!

10 de setembro de 2011


começar de novo um tempo novo,
as tuas mãos continuam a tapar-me o rosto
da maldade que pode haver lá fora

.... a nossa casa....

tem uma parede cor-de laranja e
uma varanda com vista para o Alentejo...

não há lugar que queira mais estar, neste momento,
se não em teus braços bem apertados
longe do medo 
longe do que pode ser amanhã ou depois
apenas aqui, hoje,

contigo na nossa casa...

guardo cá dentro tudo o que as palavras não dizem

tudo o que o meu coração sente...

meu amor o amanhã ainda vai longe....

15 de julho de 2011

movo o meu corpo em dança lenta pelas ruas de um país que já não sabe quem é, nem onde habita... 
onde vai parar esta tristeza toda?
abraço-te porque és o único canto do mundo que permanece seguro...
quando vamos voltar a sorrir  de novo?
a minha sombra nesta terra, como o teu olhar no mar, quero tanto rodopiar que tenho medo de cair na "tondidão" do mundo... 
para onde vamos quando sonhamos?
a minha linguagem é estranha e as pessoas não compreendem porque descodifico palavras inventando outras novas,
mas tu sabes que o meu dialecto é genuíno e que todas as palavras do mundo não são suficientes para exprimir o que o meu coração sente...
e quando morremos?
 deixamos simplesmente de existir?
ou vamos para onde sonhamos?

17 de junho de 2011

houve um tempo em que as esperanças estavam guardadas numa caixa e eu sorria porque era mais bonito assim. 


Dói sempre mais a desilusão do que ilusão de nos iludirmos.

... amargura de uma vida cansada ...

houve um tempo em que todo o amor do mundo não era suficiente.




o tempo custa sempre mais a passar do que as horas vazias

Da janela do meu quarto eu vejo sempre o mar de todas as manhãs em que acordo mas no fim do dia o pôr sol faz sempre mais frio.

e quando sentimos raiva sem querer? 
fechamos os olhos e choramos?

houve um tempo em que o caminho parecia mais longo e os pés me doíam mais 
mas depois veio o vento e o sentido mudou...

meu amor, as minhas palavras são reais quando te digo em segredo
que não sei onde estou
mas ainda sei das tuas mãos quentes
...............
sobre o meu corpo nu
sobre o meu rosto triste
................

3 de maio de 2011

Não entendo a persistência da vida, 
todos temos histórias de vida para contar,
momentos tristes em que perdemos a liberdade


Se ao menos se acendesse uma luz,
eu conseguiria ler melhor a poesia da vida,
sem ter que dormir tantas vezes no escuro e
acordar na neblina vezes sem conta

Se ao menos o meu esconderijo fosse quente
e a chuva não continuasse a bater-me no rosto,
eu sei onde estaria, com quem dançaria...


Mas tempo é tempo e 
vontade de vencer temos todos,
por vezes há quem fique para trás,
e prefira seguir a solidão

às vezes estamos tão cansados que queremos  desistir...

28 de abril de 2011



Penso na casa antiga
onde brincava quando era criança,
mas depois os meus pais separaram-se,
o sol escondeu-se
e a velha casa chorou.
Até hoje a velha casa sorri
quando na rua passo por ela.
Depois descobri o campo
e percebi o valor da velha
casa antiga.
Agora vou de metro,
pessoas saem,
pessoas entram,
deslocam-se em rebanho
mas não estou no campo.




Um dia, irei ser velha e continuarei
a passar pela casa antiga,
que em tempos me trouxe alegrias.
Lembrar-me-ei, certamente,
das memórias que sei que guardas de mim...
e feliz abraçar-te-ei até que a 
minha alma caia no fim dos dias...

19 de abril de 2011


tenho a roupa molhada
troquei de cadeira porque a outra parecia mais confortável
as sandálias escorregam na calçada
tens medo da vida?
Quero ser abraçada porque ultimamente os meus amigos não me abraçam
Desliguei o leitor de dvd e a televisão e a ventoinha parou

Quero ter sorte, porque ultimamente não tenho tido
Sim… já tirei a roupa e vesti o casaco, vou lá para fora
Limpar a alma
E sujar os pés na lama
Está a chover, sabias?
E eu que fui de sandálias…
A janela do telhado estava aberta e a chuva entrou
O círculo ficou molhado
E depois eu troquei de roupa porque os meus amigos já não me abraçam
Queres dançar?
Espera um pouco eu visto a roupa e tiro as sandálias
Está a chover, sabias?

9 de abril de 2011

sempre que vos ouvir cantar para mim canções de embalar, mergulharei no meu silêncio. Debaixo do chuveiro poderei ouvir a rebentação do mar...


seus filho da puta,
não me poderão nunca calar,
não poderão nunca comer a nossa revolta,
enchem o cú com o dinheiro dos pobres e 
ainda se riem quando lhes dão uma barraca.


Há gente desumana que não sabe o que é a fome,
gente que não sabe o que é comer na miséria, 
que não sabe o que custa trabalhar por sobrevivência...


Podem vir mas eu não estarei cá,
mergulharei no meu silêncio,
não me poderão nunca calar.... 


Porcos, imundos, doentes e atrasados que não sabem que a vida custa para quem vive de esperança...


Tenho vergonha do meu país 
mas mesmo assim não quero desistir,
quero fazer-lhe respiração boca a boca,
e renasce-lo outra vez, 
ressuscita-lo tantas vezes quanto possíveis,
e abarca-lo como toda a gente quer...


Quero gritar até que a voz me doa, 
porque a mim ninguém me cala:
PORTUGAL, 
é hora de sermos portugueses...

30 de março de 2011


Tiro-vos o chapéu uma vez mais,
já não há nada a fazer,
não há volta a dar,
os palcos são a minha vida,
momentos que deixamos de ser quem somos
ou simplesmente
representamos aquilo que realmente somos
vibramos com o calor do público
e
indignamo-nos quando não demonstram reacção.

Continuarei a escrever em português do meu país
que nada sabe ser se não APENAS o meu país e
de outros tantos que por aqui moram.

Mas este é o meu país...

País de gente que não quer saber,
de gente que chora e que ri,
país do fado e da saudade,
da melancolia e da risada,
de gente triste e de gente vivaça,
mas este é o meu país e é nele que quero viver...
fazer o que de melhor sei fazer
e gritar porque tenho garra para acreditar...

obrigada por estes momentos amarelos 
entre cenários, cenografias e figurinos,
entre o chão branco e a nódoa amarela,
fica sempre a sede de beber mais...

8 de março de 2011

fecha a porta
abre antes uma janela
o passado ficou para trás 
rostos esquecidos pelo tempo
guardam os sorrisos de outrora
serão sempre coloridos
sem ressentimento ou ferida
anda, fecha a janela 
e
abre antes uma porta
viverei tudo de novo e ainda mais 
viverei o eterno sonho 
viverei cada noite chuvosa
cada abraço
cada gesto

viverei os eternos sussurros do meu amor
e adormecerei no seu último suspiro

depois, não me vou lembrar de nada

abro a porta e a janela 
e vejo-te chegar
com rosas azuis 
lírio vermelhos
a sorrir, sempre a sorrir
junto a mim, para mim...

2 de março de 2011

qualquer dia escrevo um livro para guardar na gaveta,
fujo de casa e compro um quintal,
compro um mapa para me perder,
levo sapatos altos vermelhos para caminhar descalça, 
fumo um cigarro e parto-o em dois limões,
tiro o chapéu e mostro-vos o meu peito,
cada qual tem o seu descanso,
mas eu cá repouso na esperança,
tiro as meias e calço os sapatos,
sonho contigo quando estás aqui.
E o Alentejo ainda guarda a nossa casa,
a moradia velha,
pintada de branco com contornos azuis, 
tem lareira e terraço de madeira,
sofá preto e móveis vermelhos.
Tira os sapatos,
calça antes os meus pés,
vou vestir os meus collants pretos e
caminhar na calçada do chão,
apanhar o eléctrico amarelo
e sair no castelo dos sonhos perdidos.
E depois chovia e o sol brilhava,
eu andava nua na praia 
e tu tinhas os sapatos calçados,
vestiste-me umas meias
e ataste-me os atacadores amarelos
e eu fugi para apanhar o eléctrico.

14 de fevereiro de 2011


Sempre que te vejo partir fico com o coração apertado
os dias passam a ser vazios
a chuva voltou
e com ela 
o frio
agora vêm os dias sempre iguais
as mil buscas por dia
a minha ausência nos passeios 
das ruas
estou bebida, ressacada
quero partir
ir para onde ninguém me possa
encontrar 
perdida
a chorar sobre o esmorecido
e de tudo isto,
resta-me apenas o teu sorriso
de cada vez que te vejo chegar.


2 de fevereiro de 2011


Dentro de mim faz frio como já há muito tempo não fazia...


Qual o preço que temos que pagar por realizar os nossos sonhos?

um dia acordei e disseram-me: "afinal eu não sou assim tão teu amigo." - juro que não consegui compreender o significado daquela afirmação mas sei que, até hoje, nunca mais soube nada dele. 
Dentro de mim ficou magoa...
 uma caixa vazia e escura
uma cicatriz por cicatrizar.

Nós somos a nossa doença e a nossa cura
e
depois 
viajamos para longe, para onde ninguém nos possa encontrar,
e, às escondidas,
 choramos 
e
somos fracos, somos realmente fracos.

Deita-te sobre mim e escreve-me no teu corpo.

Nos meus sonhos, caso contigo todos os dias,
acordo para te ver sorrir, 
deito-me para te ver dormir.

O estado das coisas tal como elas são.
Não serão, certamente, os cigarros que me matarão....

24 de janeiro de 2011

e eu acreditava...
e há dias que ainda acredito... 
mas,
o mundo é enorme e o tempo parece eterno...

Sinto uma sensação de vazio que não consigo explicar... oiço a tua voz e sinto-te cada vez mais distante... adormeço todos os dias a pensar no dia que chegarás, se chegarás e quanto tempo ficarás...

Alimento-me dos momentos que vivi? Das imagens que guardo? Da esperança que o dia será amanhã?



e a noite cai, as estrelas põem-se,
o sol nasce,
e passo mais um dia sem te alcançar.

cortei o cabelo, sim cortei o cabelo mas tu ainda não viste
e quando vires talvez já o meu cabelo esteja comprido de novo,
porque o tempo guarda a distancia em teus olhos tristes, 
e eu não sei como te encontrar...

vou dormir,
até amanhã.

16 de janeiro de 2011


não sei como tirar este manto de tristeza de mim,
não sei se algum terei capacidade de perceber a ignorância do meu povo,
todas as lágrimas nunca serão suficientes para vos calar, para vos iluminar, 
para vos libertar da indiferença.... 

...grito silencioso que me percorre as veias, 
há dias em que penso que não quero mais acordar longe de ti,
há dias que simplesmente não quero mais acordar ... 

...tenho saudades da nossa casa...
pintada de paredes coloridas,
de chão cor de pinho,
de mobília simples,
embalada pela nossa alegria
ai
se o tempo pudesse RECUAR
ou 
até mesmo
andar para a FRENTE
eu estaria sentada no sofá da nossa casa, 
à tua espera,
à espera de te ver chegar, 
só para te ver uma vez mais
...

6 de janeiro de 2011

...e depois volta tudo ao que era... 
a busca de um passaporte para um sonho...
a vida sempre de trás para a frente a passar em preto e branco,
sempre o mesmo sonho, sempre a mesma direcção.... 

Não sei quem quero ser,
mas já sei quem sou.

O tempo, sim, o tempo por mais curto que ele seja valerá sempre,
o tempo e o mar, o mar e o tempo,
a verdade em teu olhar,
os nossos corpos abraçados nas correntes frias,
e os nossos corações embalados pelas ondas,
não seremos nunca o fim das coisas, as correntes do mar cansado,
os trovões das tempestades fortes, a chuva de céus cinzentos.

Sou eu e tu,
em quilómetros, milhas, distancias,
em pensamentos, em frases, em palavras,
em livros, em filmes, em músicas,
até que a chama se apague...
até que um de nós deixe de lutar .

Mas estarei sempre para te abraçar, 
aqui, ali,
agora, depois,
amanhã , hoje, 
sempre,
quem sabe um dia...