13 de setembro de 2010

Quando dei por mim estava a caminhar sem olhar para trás, sem sequer ter memórias de um passado qualquer, sem sequer sentir o peso de um corpo sujo e cansado... continuei a caminhar, caminhei o mais rápido que pude, caminhei tanto tempo como pude e de repente lá estava eu com a cabeça enfiada no chuveiro. Estava muda, com o rosto molhado, paralisada, parada, como se o próprio silêncio me afogasse. Até hoje, não consigo descrever, não arranjo palavras suficientes para te completar. As letras não cabem nas palavras, as palavras não cabem nas frases, as frases não cabem nos livros, os livros não cabem na alma... Abraça-me como sempre me abraças sempre que tenho medo, tapa-me os olhos e a guia-me ao teus sonhos, somos hoje, somos agora, somos corpos suados abraçados na solidão da cama, somos quem queremos ser, quem queremos amar, somos almas perdidas em busca da fantasia....
"Ainda hoje o não sei explicar. A beleza, como o amor, são mistérios proibidos. Naquelas horas, a beleza e o amor eram simples. Nos nossos olhares, abriam-se caminhos para a beleza e para o amor. Eu olhava para ele no mesmo momento em que ele olhava para mim. Esse era o mistério, o milagre, o labirinto simples que usámos para nos conhecermos e para dizermos palavras de silêncio(...)" by José Luís Peixoto