28 de outubro de 2009

- E nós?
Foi a coisa mais bonita que ele lhe perguntou... mas ela não soube responder. Olhou para ele e foi como lhe sorrisse porque, na verdade, havia alturas em que os olhos dela brilhavam tanto que pareciam sorrir.
- Que o tempo seja eterno... para amarmos cada pedaço dos momentos que vivemos... Somos caminhantes a querer encontrar a felicidade, somos crianças a querer apreender...
Por um instante, apenas por um instante, ele imaginou-a a dizer: " Vamos então!" Mas, no seu íntimo mais profundo, ele sabia que seriam palavras que os lábios dela nunca prenunciariam, sabia que o tempo e a vida a tinham tornado rude e que o amor já não lhe prendia a respiração como dantes. Tinha um caminho para percorrer que não abdicaria nunca mais e era isso que ele admirava nela, a sua determinação, a sua coragem.
- E Ele?
Ele era fonte de água fresca que lhe saciava a sede, era abraço quente em noites frias de solidão, era vontade de ser apenas feliz. Tinha um olhar perdido, um rosto sereno e um sorriso terno. Tinha uma enorme coragem de chegar ao fim, de perceber que tudo tem um tempo, mesmo o próprio tempo tem tempo... Havia manhãs em que ela o observava a dormir e pensava:
"Queria que também tu fosses o meu caminho!"

21 de outubro de 2009

Cansada, ela estava muito casada!
Deslizou sobre os lençóis quentes da cama
e sonhou...
Estava sentada numa praia vazia, tinha os pés frios da areia molhada, as mãos entrelaçavam-se atrás das costas, tinha um rosto pálido, um olhar perdido... queria gritar sem abrir a boca... às vezes, quando a brisa do mar arrefecia, faltava-lhe o ar.
Como é possível?
Como é possível conseguir voar e não sair do mesmo lugar?
Como é possível sentirmo-nos sós no meu da multidão?
Como é possível sermos tão ignorantes no meio de tanto conhecimento?
Como é possível sermos tão pequeninos num mundo tão grande?

14 de outubro de 2009

Acordou eram seis da manhã. Tinha o sabor da saudade nos lábios e a vontade insaciável de ser tocada.
Acendeu um cigarro e questionou
-se sobre a intensidade dos momentos, sobre a verdadeira importância da partilha. Pensou que, tantas vezes, preferiu partilhar os momentos intensos da vida com ela própria. Poucas são as pessoas que se atravessam no nosso caminho e estão preparadas para nos compreenderem.
No início, ela ambicionava mudar o mundo, torna-lo melhor, multiplicar o amor, mas o tempo passa rápido e -la perceber que afinal, a distância, o toque suave dos corpos entrelaçados e o sabor dos beijo pelas manhãs, sempre são importantes.
Mas, depressa, veio a indiferença,
a carência de veracidade,
a falta de sensibilidade,
a ausência de intensidade,
a sua própria ausência...
O frio ficou mais quente,
O silêncio mais acolhedor,
E, por fim, ela ficou mais só...
... mas já nada importava como dantes...

11 de outubro de 2009

Quando a saudade se apaga, o que resta?
Silêncio!!!
Hoje não me apetece escrever!

6 de outubro de 2009

Estou no topo da montanha e temo a queda no vazio, sou, quase sempre, esta lutadora derrotada!
Vivo um presente no futuro e um passado no presente!
As tuas mãos quentes abraçaram-me... e o teu rosto acreditou poder salvar as minhas lágrimas. Pairei, durante algum tempo, sob um mundo desconhecido, e quis ser feliz à minha maneira...
esperei por ti,
senti a tua respiração,
abracei o teu corpo,
tentei compreender o teu sentido,
mostrei-te o sorriso do meu olhar e tu...
tu quiseste sonhar!
Nada nos faz mais genuínos do que o nosso querer, e eu quis!
Quis saber como era ser feliz sem a pressão esgotante do tempo, do amanhã, do medo, da expectativa
e descobri que...
mesmo lá do alto da montanha a queda é muito mais leve quando é partilhada...
e não, nem todas as despedidas tem que ser dolorosas,
...
o meu e o teu lugar estão guardados algures no voou suave das nuvens eternas...

5 de outubro de 2009