20 de abril de 2010

- Levanta a merda do rosto. Limpa a merda das lágrimas e sorri pelo menos uma vez na vida. Todos nós temos dores que nos engolem o coração, todos nós temos histórias de vida para contar. Estou farta de te ver chorar, já não aguento o som do teu choro. Às vezes tenho tanta pena de ti que me sinto enojado. A tua falta de auto-estima dá-me náuseas! Porra... não podes querer ser infeliz para sempre, ninguém quer, ninguém consegue.
- Tu não compreendes, pois não?! Tu não compreendes que ninguém se apaixona por uma puta, que ninguém sente pena de uma puta. Tu não sabes o que é querer sair da gaiola e voar... querer andar para a frente e sentir o teu corpo a recuar cem vezes para trás. Por isso deixa-me chorar, deixa-me gritar enquanto ainda se ouve a minha voz, enquanto o meu corpo ainda se consegue mover. Guarda o teu nojo e as tuas náuseas para as putas que fodes. É delas que deves sentir pena, porque são putas e não o assumem. Eu não sou uma puta qualquer, sou uma puta convicta, sou uma puta com sentimentos, se é que me é permitido colocar-me neste estatuto. Estas farto do meu chorar? Eu estou farta de te carregar ao colo, do teu cheiro nauseabundo a álcool, dos teus pedidos de desculpa, das tuas más fodas, das tuas bofetadas, das tuas mãos sujas no corpo imundo... só quero que morras, só quero que te fodas... desaparece, desaparece para sempre...

13 de abril de 2010

- Fodasse, estás sempre a pensar nisso? Toda a gente tem coisas para resolver. A diferença é que uns vão vivendo e tentado resolver e outras deixam de viver porque não conseguem resolver. Fodasse, és uma puta, sabias disso? Bebes para esquecer e acabas por te embriagar nos prazeres carnais dos homens que só te querem para foder. Queres desaparecer e entregas-te às noites vadias para apagar a dor que sentes dentro de ti. Desprezas o teu corpo e mutilas a tua alma até que ela apodreça. És fraca e não tens força para o admitir.
- Só quero que não me julgues, que não me julguem. Não procuro amor! Procuro desejo, arrepio, conforto nos lugares escuros... Sou uma puta e tu nada tens com isso. Sou aquela que acorda na cama de homens perdidos sem sonhos, carentes de prazer, cansados do conforto. Não quero nem consigo sentir paixão ou desilusão, sou apenas um corpo, sou apenas um objecto de prazer. Tu não sabes o que é querer sentir, querer afastar-me da confusão e, ao mesmo tempo, procura-la em todos lugares que existo. Podemos mendigar amor, comprá-lo, recebe-lo de oferta, encontrá-lo na rua, mas nunca rouba-lo! É verdade, colecciono nomes de rostos em noites vagabundas e tu nada me poderás dizer. É verdade, tenho o corpo coberto de nódoas negras. Há uns que me acariciam mas muitos querem-me agarrar à força, empurrar contra uma parede e foder-me até sangrar. Esses são os homens meigos, aqueles que respeito!
- Odeio-te, odeio-te por te desprezares, por não sentires as tuas lágrimas a desfazerem-se no grito perturbante do teu silêncio. Olha o teu rosto, olha o teu corpo, consegues visualiza-los? Consegues ver as marcas que esses perversos te deixam? Sempre a mesma merda de sempre, achas que se foderes vais sentir menos, achas que vais deixar de sentir. Pensas que encontraste a forma perfeita de te punires pela compaixão que não consegues sentir, pelas relações que não consegues estabelecer. Grita quando tiveres que sorrir, sorri quando tiveres que chorar, não tenhas vergonha, a fraqueza faz parte. Esquece a solidão dos dias vazios, dos lugares dispersos, fica onde estás ... e não deixes que eles te suguem até à morte...

10 de abril de 2010

Estranha mutilação.
Um corpo é apenas um corpo.
Vontade de o quer sujar, destruir, consumir, desgastar, saciar. Querer afastar a procura da esperançar e o prazer carnal da penetração. A mais pura e crua verdade reside no desejo atento dos olhos cansados que observam. Qual o nosso caminho, será que realmente temos um caminho ou o caminho é apenas uma motivação? Será mesmo que existe um lugar ou o lugar que procuramos é apenas este onde estamos. Tristes daqueles que julgam conhecerem-nos sem terem uma ideia de si próprios, dão-nos uma mão e com a outra empurram-nos para o abismo. Seres carentes que não aceitam o calor de um sorriso, a leveza de um toque, a pureza de um beijo inocente. Quanto mais dou mais vontade tenho de perder, de me perder, de me esquecer. Sou a confidente... sou mão tremula, sou corpo dorido, sou escape, sou lufada de ar fresco, sou fantasia... mas nunca serei opção!

9 de abril de 2010

Era o lugar que a entristecia, que a empurra para o fundo do poço. Achava as pessoas estranhas e não conseguia perceber que, no fundo, ela é que se sentia estranha naquele lugar. Os rostos que via já não eram os mesmos rostos a que estava habituada. Sentia-se sozinha, abandonada, esquecida na imensidão do mundo. Procurava mil formas de inventar o tempo de descanso e acabava por adormecer no sofá frio da casa. Sempre a mesma casa, que revelava memórias esquecidas, momentos vividos, rostos apagados para sempre. Queria acreditar que era possível concretizar os sonhos, que era possível transformar lugares feios em vales encantados, que era possível sonhar contos de fadas...

3 de abril de 2010

Dentro de mim sei que não me despedi dele. Dentro de mim sei que as palavras não foram suficientes. Sou tempo perdido e oportunidade desperdiçada. Rosto caído sobre o teu corpo. Sou criança perdida no labirinto.
Acaricia-me apenas um pouco mais...