4 de março de 2010

Meus homens, afinal tenhais razão. Que posso eu querer de vós, seres envelhecidos, de corações destroçados? Serei nova, serei tão nova quanto posso ser e viverei de forma intensa. Não, não preciso de ter vergonha, de me esconder, de ser má para o mundo, de ser cruel comigo própria, apenas terei de assumir o que sou. E vós? Seres abundantes de sabedoria e ausentes de amor, perdidos à procura da vossa própria essência, olhai-vos ao espelho, vedes no que vos tornaste? É verdade. Não preciso de homens que me aquecem a alma, de homens que me fodem até ao orgasmo, de homens que me querem fazer crer que sou especial. Eu sou especial, idêntica a mim própria. Sou o grito penetrante do eterno sorriso fatal. E vós homens, o que sereis? Talvez seres de mãos rugosas, de corações vazios, de vidas gastas. Não quero, realmente não quero. Não quero partilhar com vós a minha juventude, a minha inocência, a minha criancice, o meu sorriso, o meu eterno sorriso.
Sereis, pois, velhos demais para mim e eu serei, pois, nova demais para vós.

4 comentários:

Rui Lança disse...

Original...genuíno?

Retroprojecta-te disse...

Genuíno certamente...

Rui Lança disse...

Parabéns então a...dobrar ou triplicar. Gosto da escrita e dos sentimentos. Muito empáticos.

Por momentos pensei que a pergunta tivesse sido descabida. Se calhar até foi...

Nuno Cacilhas disse...

perder as lamechisses tornou a escrita mais agressiva, e como se manteve uma especie de vorticismo no tema da inocencia, ficando bem presente do inicio ao fim, em escalada ascendente... gostei. ólinda!!!