6 de agosto de 2009

"Subitamente a queda no comodismo, o mundo quer ser distraído mas nós temos é que o perturbar!! Estás a ouvir? Perturbar!!"
"Odiamos o mundo e vivemos nele; dizemos que não precisamos das pessoas, mas não é verdade; queremos ficar sós e batem-nos à porta, e no fundo basta o mais breve de todos os instantes e estamos mortos.
Mas nós somos mais fortes que tudo isso, não é assim??!!
Descobrir uma direcção conducente a um fim incontestavelmente inacessível. Isso acabava por não ter importância porque só a própria luta e não o fim, nos impede de nos afundarmos. A verdade é que a noção de nos afundarmos existe mesmo que não possua nenhum significado concreto. Afundarmo-nos é vivermos inconscientes e morrermos felizes sem termos lutado por um fim absurdo, afundarmo-nos é morrermos calmamente e em paz sem termos oposto uma resistência absurda ao enorme absurdo do mundo, afundarmo-nos é gritarmos, serei fiel à minha sede, mas infiel a tudo o resto, ou serei fiel à minha fome, mas infiel a tudo o resto, ou serei fiel ao meu sexo, mas infiel a tudo o resto, ou serei fiel à minha obediência, mas infiel a tudo o resto, ou serei fiel à minha paralisia, mas infiel a tudo o resto, ou serei fiel ao meu desejo, mas infiel a tudo o resto, ou serei fiel ao meu desgosto, mas infiel a tudo o resto, ou por fim, serei fiel ao meu medo, mas infiel a tudo o resto. Não, a única possibilidade é dizer, serei fiel à minha direcção e fiel a tudo o que se encontra nela, o meu medo, a minha fome, a minha sede, o meu desespero, o meu desgosto, a minha paralisia, o meu sexo, o meu ódio, a minha alegria, a minha inocência, a minha morte. Sim, no interior da minha direcção, serei tão fiel à minha morte que, sem um arrepio mas com uma gratidão enorme pelo facto de ter vivido, serei capaz de caminhar pela praia e lentamente entrar na água..."

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