11 de dezembro de 2012



Bebo um copo de água e sufoco as lágrimas que já não me caem
Houve tempos em que tudo parecia fácil,
quando olho para o rosto de uma qualquer criança tudo ainda me parece fácil…
um gole de chá e trinco a língua no calor da lua
Abstracto não são os poemas são o tempo de estranheza
De tudo ser sempre tão cansativo
Escorro nas veias de quem me acolhe e o tempo perdido
Não sobra, ouviste? O tempo não sobra, o tempo nunca sobra
Uma mesa para três, uma trinca na maça
E já estou aqui, mesmo onde fiquei
Atracada nas vaidades de uma vida oca
bebo um whisky
Por ti
Por mim
Pelo que não nos mata
Mas torna-nos mais fortes
Sigo caminho pela estrada que não sei o caminho
E deslizo sempre pelo gosto na boca da saudade
(...)

11 de novembro de 2012

como se o mundo fosse teu e nada de ti pudessem roubar
tomamos um pouco de leveza
e tudo em teu olhar é longe
e tudo em ti é inocente...
se o amor é isto então que me arrebatem o coração!
és tu, diamante em bruto à espera de ser polido
tão perfeito quanto o mundo que te espera nunca será
virão batalhas, momentos tristes e alegrias inesperadas
e tudo em ti
o teu olhar 
ansioso pela descoberta que a vida te dará
tudo em ti pequeno 
e tudo em tua volta tão grande
... meu amor...
que o universo te dê tudo 
o sol, 
os sorrisos,
o amor,
a turbilhão, 
a imensidão

... se o amor é isto então que os meus olhos nunca adormeçam para te poder ver uma vez mais ...

(...)




16 de outubro de 2012


o sentimento de vazio

de tudo perdido

sem noção de expectativa.

e faz frio,

faz tanto frio aqui...

quero acreditar que tudo fica para sempre enquanto tudo dura eternamente..

uma porta que se abre

e duas que se fecham

há tanto tempo que espero

e o momento não chega,

nunca chega                                e faz frio

movimento espiral                     e faz escuro

dentro de mim

(...)

abraço-te 
até quando?
quero só fechar os olhos 
e durar 
eternamente
sem 
sentir
que 
estou,
de facto,
VIVA!

8 de agosto de 2012

caminhos que se perdem

caminhos que se encontram

e o tempo passa

já não tenho muito tempo

do que resta

às vezes nada fica para sempre

e tudo é apenas uma nuvem 

de ar

e dói quando estamos sós (...)

quanto tempo mais?



6 de março de 2012

os olhos já não são os mesmo
e lá fora chove
uma estrada suja de lama
um brilho outrora esquecido
de dentro para fora
e nunca
de fora para dentro
uma criança que corre
e um sem abrigo que morre
A noite é escura
no teu rosto as rugas de uma vida lutada
e de uma derrota vencida
esqueces o teu passado e afogaste no mar profundo
de ti já só me lembro da saudade
e tenho tantas saudades...
acorda agora ou morres eternamente
no canto de uma península desconhecida
respira agora ou terás que ser transplantado
de tudo, enfim, lembro-me de ti
da força que atravessava o atlântico
chegava à extremidade do mundo
e mesmo assim cantava a vida..
já foste descobridor, vencedor e vencido
abre agora os teus olhos e vê o teu povo
que chora onde já não mora a vontade
de querer ser...
um povo apenas

17 de fevereiro de 2012

Fazíamos a mala e voávamos para um lado qualquer, porque dantes o lugar não importava. Eu passava-te a mão pelo rosto e tu sorrias e nada mais importava do que a simples vontade de sermos. Há dias, como hoje, em que me falta o ar e não sei onde arranjar água para lavar o rosto. 

Amor, que foi feito dos sonhos que construímos?! 

As tardes quentes que passamos a sonhar com a casa  que não temos, com as crianças que não ouvimos, com a horta que não cultivamos...

Mas nada disto é importante porque sei que as tuas mãos não me deixam cair mas e quando também tu perderes a força... 

Amor, estou cansada, estou tão cansada!!

Gente triste que não chora e pessoas que não sabem que a sorte lhes mora à porta... houve tempos em que quis sempre viver aqui, com orgulho, com esperança, com alegria e até mesmo com vontade... mas agora olho em volta e não sei mais onde mora o meu caminho... e teu.... e o nosso...

Ai Portugal, Portugal... a  que sabes tu?

11 de janeiro de 2012


guardo pedaços de mim em gavetas que já não sei o nome
e por vezes chove, chove sempre mesmo quando o sol raia. 

Esqueço-me das palavras e as sensações já não são as mesmas

a vontade mudou e com ela a esperança de que tudo um dia podia "volver"
a vida a girar sempre no mesmo sentido
e queremos tanto mudar as voltas que ficamos sempre iguais ao que éramos

e depois chove

e não sei se os meus pés aguentam mais um inverno
mas

de todas as caminhadas que fiz tu foste a montanha mais alta que subi
e a que, até hoje, me mantém aqui, hoje, agora!!!

obrigada