13 de abril de 2010

- Fodasse, estás sempre a pensar nisso? Toda a gente tem coisas para resolver. A diferença é que uns vão vivendo e tentado resolver e outras deixam de viver porque não conseguem resolver. Fodasse, és uma puta, sabias disso? Bebes para esquecer e acabas por te embriagar nos prazeres carnais dos homens que só te querem para foder. Queres desaparecer e entregas-te às noites vadias para apagar a dor que sentes dentro de ti. Desprezas o teu corpo e mutilas a tua alma até que ela apodreça. És fraca e não tens força para o admitir.
- Só quero que não me julgues, que não me julguem. Não procuro amor! Procuro desejo, arrepio, conforto nos lugares escuros... Sou uma puta e tu nada tens com isso. Sou aquela que acorda na cama de homens perdidos sem sonhos, carentes de prazer, cansados do conforto. Não quero nem consigo sentir paixão ou desilusão, sou apenas um corpo, sou apenas um objecto de prazer. Tu não sabes o que é querer sentir, querer afastar-me da confusão e, ao mesmo tempo, procura-la em todos lugares que existo. Podemos mendigar amor, comprá-lo, recebe-lo de oferta, encontrá-lo na rua, mas nunca rouba-lo! É verdade, colecciono nomes de rostos em noites vagabundas e tu nada me poderás dizer. É verdade, tenho o corpo coberto de nódoas negras. Há uns que me acariciam mas muitos querem-me agarrar à força, empurrar contra uma parede e foder-me até sangrar. Esses são os homens meigos, aqueles que respeito!
- Odeio-te, odeio-te por te desprezares, por não sentires as tuas lágrimas a desfazerem-se no grito perturbante do teu silêncio. Olha o teu rosto, olha o teu corpo, consegues visualiza-los? Consegues ver as marcas que esses perversos te deixam? Sempre a mesma merda de sempre, achas que se foderes vais sentir menos, achas que vais deixar de sentir. Pensas que encontraste a forma perfeita de te punires pela compaixão que não consegues sentir, pelas relações que não consegues estabelecer. Grita quando tiveres que sorrir, sorri quando tiveres que chorar, não tenhas vergonha, a fraqueza faz parte. Esquece a solidão dos dias vazios, dos lugares dispersos, fica onde estás ... e não deixes que eles te suguem até à morte...

3 comentários:

Rui Lança disse...

Em crescendo...o 3.º principalmente. Fortes, duros...reais para alguém, gosto de os ler. Faz-me recordar pensamentos e omissões, desejos e obstáculos...thanks!

bj

João Sousa disse...

belo monólogo.
já te mandei e-mail(s), acerca dos textos.
beijo.
joao sousa

Anónimo disse...

Somos fruto dos nossos desejos, somos almas pudicas à procura de intensidade, de loucura, de perversidade...