9 de abril de 2010

Era o lugar que a entristecia, que a empurra para o fundo do poço. Achava as pessoas estranhas e não conseguia perceber que, no fundo, ela é que se sentia estranha naquele lugar. Os rostos que via já não eram os mesmos rostos a que estava habituada. Sentia-se sozinha, abandonada, esquecida na imensidão do mundo. Procurava mil formas de inventar o tempo de descanso e acabava por adormecer no sofá frio da casa. Sempre a mesma casa, que revelava memórias esquecidas, momentos vividos, rostos apagados para sempre. Queria acreditar que era possível concretizar os sonhos, que era possível transformar lugares feios em vales encantados, que era possível sonhar contos de fadas...

3 comentários:

Rui Lança disse...

Deve ser ambição a mais...mas que casa seria essa? Quem seria o 'ela'? Às vezes devo ser indelicado...mais um belo texto.

Retroprojecta-te disse...

Metafóricamente criamos personagens para a nossa vida, inventamos lugares, construímos casas... tudo para, por breves instantes, deixarmos ser nós...
Gosto da maneira como exploras os meus pensamentos.

Rui Lança disse...

Sim, percebo-te. A tal característica que nos permite...ser quem não o somos, mas de alguma forma, de modo mais esporádico ou mais permanente, gostaríamos de o ser.

Não sei se sou que exploro os teus pensamentos...se tu os meus. Deve ser isto a que chamam empatia.